Renato Olívio
Nossa segunda visita na cidade de Rubelita-MG nos dava a dimensão da necessidade daquele povo. Alimentos, brinquedos e roupas, distribuídos em plena praça pública no primeiro dia na cidade, agora mereciam um destino bem mais específico. Um verdadeiro trabalho investigativo, buscando a família que mais precisava e aquela que fosse a premiada doa dia. Infelizmente, não é possível atender a todos.
“Seu moço, me vê um brinquedo? Me dá uma bonequinha.”
A distribuição de brinquedos fazia a festa da garotada do morro de Rubelita. Além disso, enormes trouxas de roupas eram repartidas pelas famílias e desapareciam em questão de segundos, impressionando a todos nós que estávamos distribuindo os kits. Já as “feirinhas”, contendo alimentos de necessidade básica, mereciam atenção especial. Todos que distribuíam oravam para Deus para que fossem destinadas aos que definitivamente precisavam.
Uma dos barracos visitadas chamava atenção. Dona Jacina Maria de Souza, viúva e mãe de uma filha e dois netos, vive em condições de extrema miséria. Seu cardápio diário? Mini-porções de farinha com gordura, dosados milimetricamente. Em dias de escassez, ela cede sua parte aos netos, chegando a ficar quatro dias sem ter o que comer. Todos eles estão acostumados à fome, assim como estamos acostumados a ter as nossas duas refeições diárias.
“O Natal chegou, vó? É o Natal?”
Giovani, neto de Dona Jacina, apontava a cesta com as “feirinhas” e roupas doadas pelo grupo na saída. O espírito natalino procura trazer presentes para as pessoas certas, aquelas que realmente merecem. Saímos da casa de dona Jacinta tranqüilos. Destino melhor, provavelmente impossível.
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